sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mario Jorge Vieira

Por: Carlos Eduardo,Renata Henriques,Caren Mariano, Vitor Issa, Anne Caroline,João Vitor,Herbert Pimenta, André Barros.

2 ano D, Colégio Máster.

Mario Jorge Vieira:

* A vida: O poeta Mário Jorge Vieira(1946 -1973) irmão da deputada Ana Lúcia, viu as tentativas de resistência à consolidação do regime militar de 1964, que arregimentam setores radicalizados da classe média, especialmente a massa estudantil, que são desarticuladas pelo Estado com a edição do AI- 5 (Ato Institucional), em dezembro de 1968, não deixando dúvidas sobre sua disposição de assegurar a “paz social”, e na década seguinte o início da conjuntura de franco fechamento político. Mas não sobreviveria para participar do boom da poesia marginal dos negros verdes, anos 70, quando foram, publicados dezenas de periódicos alternativos de divulgação do movimento (Navilouca, Escrita, Código, José, Anima, Pólen, Qorpo Estranho, Através, Gandaia, Ajuste de Contas, Almanaque Biotônico Vitalidade, Poesiagem, claro que a listagem é incompleta), nem a abertura política no final da década.

Mário Jorge estréia com Revolição. Aracaju, edição envelope, 1968. Os demais são póstumos: Poemas de Mario Jorge. Aracaju, Gráfica Editora J. Andrade, 1982; Silêncios Soltos. Aracaju, Gráfica Editora J. Andrade/Subsecretaria de Cultura e Arte, 1993; Cuidado, Silêncios Soltos (versão modificada, bastante remanejada da primeira, ambas organizadas por Vinicius Dantas). Campinas, 2a ed. Unicamp, 1993; De Repente, há Urgência.. Aracaju, Gráfica Editora J. Andrade, 1997.

Grande parte de sua obra encontra-se esparsa e inédita à espera de publicação. Quando forem publicados seus inéditos (prosa e verso), aí sim, faremos um passeio pela vida desse fascinante personagem e encontraremos um Mario Jorge selecionando memórias, falando de seus momentos de dificuldades, de seus amigos e companheiros, de suas experiências públicas, de suas crenças religiosas, suas alegrias, seus amores, escrevendo sempre com certo sentido de oportunidade, pela paixão da palavra, pelo fazer poético e acima de tudo com amor e senso de humanidade.

Entre seus textos manuscritos e datiloscrito há reflexões sobre seu ofício e sua obra – onde começa a vida? Onde começa a poesia e a pintura? Mário Jorge responde bem à sua maneira, de forma inimitável. Com um texto moderno, forte, às vezes agressivo, às vezes lírico, outras vezes intimista. Um canto aberto e destemido, sempre ligado à ruptura, a radicalidade, a experimentação, com alta voltagem poética dos marginais.
Apesar de morto prematuramente, há 27 anos, Mário Jorge está cada vez mais presente nas letras sergipanas. Soube recentemente através de dona Ivone Vieira, mãe do poeta que preservou e organizou todo acervo do filho, que finalmente será publicado mais um dos seus livros inéditos,
Noite que nos habita. Bom para todos e sorte da literatura brasileira.

*Poemas:

Poemas


estradas claras andei

com olhos sujos de noite
com passos feitos de giz
traçando brancos mistérios
nas negas canções que fiz

agora não me apavora
o pó de outras estradas
pois no peito mora
medos maiores que qualquer nada


*****

Quem vê que veja

Quem vê que seja

Sei lá


Quem vê que venha
Quem vem que tenha
Um sol


Estrelas do deus-menino
Desligadas do Natal


*****

a grande marcha longinquatro a grande marcha aproximando-se e todos parados

e todos indo pelos caminhos floridos os pés intoxicados de minerais atômicos quem

sabe só deus a sorte dos doidos mansos soltos angustiados com a distância

close, close, close

já se viu – e o personagem continua a falar falar como se nunca tivesse feito antes

tudo vai tudo vem e fica esta vontade de dormir sonhar sonhar não sei como o que

não sei aonde ali aqui tudo palavras do pecado original a fala a pala o refrão do sim

do não os refrões cantando nos ouvidos do morto do vivo


Poema Sem Título:

estradas claras andei

com olhos sujos de noite
com passos feitos de giz
traçando brancos mistérios
nas negas canções que fiz

agora não me apavora
o pó de outras estradas
pois no peito mora
medos maiores que qualquer nada


NATAL

a missa a cena
o míssil o sino
a massa o hino

o sonho

a lenha da fome
a senha do nome

do Homem e do segredo
do Homem e do degredo
do Homem.


Paisagem urbana

A
PALAVRA
FOTO(GRÁFICA)MENTE
CONSUMIDA


ANUN Cia.

a

V E N
D I
D
A

Nenhum comentário:

Postar um comentário